Uma das melhores formas de descobrir ou descartar doenças neurológicas é saber o perímetro cefálico do bebê.
Dar a luz um bebê é uma das experiências mais belas do mundo. Uma chegada repleta de entusiasmo e amor, o que é completamente justificável, uma vez que são nove meses de espera até poder pegar aquele ser tão pequenino nos braços. Porém, toda família sabe que a chegada de um recém-nascido vem acompanhada de uma enorme lista de preocupações. Dentre elas está o perímetro cefálico.
O perímetro cefálico é um dos assuntos que mais afligem os pais. Afinal, esse termo um tanto complexo de se dizer se trata de uma referência ao tamanho da cabeça. E, com o aumento considerável nos casos de microcefalia, o perímetro cefálico passou a ser um dos temas mais discutidos nas consultas após o nascimento da criança.
Os médicos pediatras passaram a ter esse maior cuidado como uma medida preventiva; afinal, dessa forma conseguem determinar o mais rápido possível se o bebê apresenta alguma doença grave ligada ao sistema nervoso. Em especial enfermidades que possam provocar microcefalia e a macrocefalia.
Qual a diferença entre a microcefalia e a macrocefalia?
A microcefalia é caracterizada por um perímetro cefálico muito menor que o esperado. Isso quer dizer que a cabeça do bebê é diminuta em comparação com outros que não possuem essa condição. Esse quadro se estabelece a partir do desenvolvimento anormal do cérebro que não atinge seu potencial padrão por completo.
Esse distúrbio neurológico costuma carregar consigo alguns sintomas, que variam de organismo para organismo, mas, em um panorama geral, podem incluir:
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Atraso no desenvolvimento intelectual;
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Atraso na fala;
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Funcionalidade muscular dificultosa;
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Episódios de convulsões;
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Aumento de peso;
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Crescimento lento e estatura abaixo do esperado;
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Hiperatividade;
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Irritabilidade;
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Impulsividade;
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Distúrbio de visão;
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Deformação facial;
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Má coordenação motora;
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Comprometimento da audição;
A macrocefalia, por outro lado, é uma condição caracterizada pelo perímetro cefálico significativamente maior do que o normal para a faixa etária. O diagnóstico pode ser realizado em uma janela de tempo de dois anos e meio, a contar do meio do período gestacional. Sim, é possível, em alguns casos, identificar a macrocefalia ainda na barriga da mãe, por meio do exame de ultrassonografia. Quando não é possível, o bebê continua sendo monitorado até os dois anos de idade para descartar a possibilidade.
Existem casos em que o portador de macrocefalia não apresenta grandes sintomas e sua saúde é considerada normal. Contudo, esses quadros são mais raros e é preciso avaliar constantemente se existe acúmulo de líquido no cérebro, haja vista que é prejudicial para a aprendizagem, atenção e memória.
Os principais sintomas que envolvem a macrocefalia, para além do perímetro cefálico aumentado são:
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Desenvolvimento psicomotor dificultoso;
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Problemas de socialização;
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Atraso mental;
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Incapacidade física;
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Convulsões;
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Dores de cabeça;
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Fraqueza ou paralisia muscular;
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Alterações no formato do crânio;
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Alterações psicológicas;
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Dificuldades neurológicas;
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Distúrbios da visão;
Como ainda não há cura para esse tipo de distúrbio do sistema nervoso, um acompanhamento médico rigoroso deve ser feito ao longo de toda a vida. O tratamento consiste no controle de sintomas, sessões de fisioterapia, consultas com fonoaudiólogo, terapia ocupacional, grupos de apoio e outros paliativos.
Quando o perímetro cefálico requer maior atenção?
Embora sejam os distúrbios mais preocupantes dos últimos anos, a microcefalia e a macrocefalia não são as únicas doenças capazes de afetar o perímetro cefálico. Algumas doenças contraídas pela mãe durante a gravidez, podem desencadear malformações e deformidades no que diz respeito ao tamanho da cabeça do bebê. Zika vírus, rubéola e a toxoplasmose, são exemplos disso.
O perímetro cefálico também pode se tornar irregular devido a determinadas condições genéticas, como é o caso da síndrome de Down ou a síndrome de Edwards. Conforme dito anteriormente, o exame de ultrassom pode ser um divisor de águas para os pais, quando o diagnóstico é feito ainda na barriga da mãe. O pediatra mede a circunferência da cabeça do bebê e afere se a medida obtida se enquadra nos valores ideais daquela faixa etária. Quanto antes for feita a descoberta, mais tempo a família têm para se preparar e estudar os cuidados necessários.
Por que os bebês têm "cabeças grandes"?
Levar o pequeno ao pediatra e, mesmo com a medida do perímetro cefálico dentro da normalidade, a família continua com a impressão de que o bebê é "cabeçudo". Essa situação é mais comum do que se imagina, mas por que isso acontece? Porque o recém-nascido, de fato, possui a cabeça mais avantajada em relação ao restante do corpo.
Nessa situação, não há razão para a família ficar preocupada ou incomodada ao longo dos meses o bebê passa por um desenvolvimento acentuado e a cabeça tende a ficar proporcional ao resto do corpo.
Veja bem, quando a futura mamãe está passando pelo segundo mês de gestação, a cabeça equivale a metade do corpo do feto. Ao dar à luz, é possível observar que esse percentual já foi reduzido para 25%. Já na idade adulta, a cabeça corresponde, proporcionalmente, a somente 10% do corpo. Uma grande mudança, não é?
Via de regra, o crescimento do perímetro cefálico ocorre da seguinte forma, no primeiro ano de vida:
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1º trimestre: aumento de 2 cm/mês
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2º trimestre: aumento de 1 cm/mês
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3º trimestre: aumento de 0,5 cm/mês
Isso quer dizer que um bebê que nasceu com o perímetro cefálico medindo 35 cm, terá aos seis meses a circunferência de sua cabeça com 44 cm, o que significa um crescimento de 6 cm no primeiro trimestre (dois por mês) e de 3 cm no segundo (um por mês). No segundo ano de vida, o perímetro cefálico aumenta cerca de 2 cm. O que quer dizer que, nessa idade, a cabeça do pequeno terá alcançado 90% do tamanho total da fase adulta.
Como medir o perímetro cefálico?
Um dos métodos mais comuns e eficazes para medir o perímetro cefálico é posicionando uma fita métrica logo acima dos olhos, isto é, bem rente a testa, de forma que o cabelo não interrompa o processo. Contudo, apenas o médico pediatra que acompanha a criança poderá avaliar se, de fato, o desenvolvimento está dentro dos parâmetros ideais.
É importante lembrar que o tamanho da cabeça também sofre influências de fatores genéticos. Ou seja, se um dos genitores possuir a cabeça grande, a criança pode nascer com a mesma característica.
Alimentação pode influenciar nessa questão?
É claro que a alimentação é de extrema importância em qualquer fase da vida, mas nos primeiros seis meses de vida o cuidado deve ser redobrado. Isso porque, de acordo com estudos científicos, o aleitamento materno exclusivo até essa idade pode ser fundamental para o desenvolvimento natural e saudável do perímetro cefálico do bebê.
Ou seja, bebês que se alimentam apenas de leite materno, pelo menos até o sexto mês, são comprovadamente mais saudáveis.
Exames complementares importantes
Em primeiro lugar, é preciso entender que a medida do perímetro cefálico é apenas o ponto de partida. Após constatar que o tamanho da cabeça não está dentro da normalidade, o pediatra vai solicitar outros exames mais minuciosos.
Os exames mais comuns para investigar e acompanhar, nessa situação, são os de imagem, como: tomografia, ressonância magnética, ultrassonografia etc. O médico irá definir qual exame se encaixa melhor no quadro.
A responsabilidade com a vida de um filho é muito grande; por isso, jamais ignore orientações médicas. Leve o bebê com regularidade ao pediatra, faça os exames e testes necessários e deixe as vacinas em dia. Lembre-se: a saúde em primeiro lugar.