A mancha mongólica pode aparecer em 80% a 90% das crianças não-brancas.
A pele humana é o maior órgão do corpo desde que somos pequenos recém nascidos e desempenha um importante papel em nos proteger de diversos problemas. No entanto, cada pessoa tem um tipo de pele e, dependendo de alguns fatores e condições genéticas, estas peles podem apresentar algumas características destoantes, como a mancha mongólica. Esta, diferente de algumas outras condições, é perceptível após o nascimento e pode assustar alguns papais e mamães; porém, ela é completamente comum.
Na matéria de hoje, explicamos o porquê e como a aparição da mancha mongólica ocorre e tudo o que os pais precisam saber sobre ela. Confira:
O que é e como surge a mancha mongólica
Com nome originário dos povos mongóis, grupo étnico que habitou a Ásia Central em um dos maiores impérios já datados (o Império Mongol), esta pequena mancha teve origem na Ásia.
A mancha mongólica é uma mancha com tons roxos (ou arroxeados), castanhos e azul acinzentados que surge na pele dos bebês. Ela pode ter tamanho variado entre 2 cm e 10 cm de largura, não têm textura diferente da pele, não dói e não coça. Normalmente, ela aparece na região do cóccix, das costas ou do bumbum do bebê, porém, há alguns casos de bebês que possuem a mancha na barriga, nas perninhas e até na região do ombro.
É possível notar sua presença logo após o parto; assim, é muito comum que as mães já perguntem ‘o que é essa mancha?’, ‘como ela surgiu?’ e ‘meu bebê está machucado?’.
Na verdade, não se trata de machucado nenhum, mas sim da herança genética que a criança carrega. Seja menino ou menina, qualquer criança pode carregar esta mancha de acordo com a região de nascimento de seus ancestrais.
Os fatores genéticos
A mancha mongólica é muito comum em bebês que possuem descendência asiática e negra, respectivamente. De acordo com dados, bebês com descendentes asiáticos têm entre 81% e 90% de chance de ocorrência desta mancha. Já nos bebês com descendentes negros, esta porcentagem diminui um pouco - porém continua alta - com um índice de 80%.
Porém, dependendo do grau de descendência, essa chance pode subir para 96% por conta da alta quantidade de melanina presente na pele. Em crianças brancas (caucasianas e/ou europeias), a mancha mongólica é bem menos comum, aparecendo em apenas 10% - também por conta de seus descendentes.
No Brasil, este índice varia bastante de acordo com a região e tem grande influência da miscigenação que ocorreu nos últimos séculos. Assim, crianças brasileiras têm entre 40% e 80% de chance de possuir uma mancha mongólica. De acordo com dados da PNAD, pesquisa realizada pelo IBGE, 54% da população brasileira é preta; destes, cerca de 80% da população do estado da Bahia - maior porcentagem do país - é preta, contra apenas 12% da população de Santa Catarina, menor índice.
Abaixo, listamos os 10 estados brasileiros com maior índice de população negra. São eles:
Assim, majoritariamente em estados das regiões Norte e Nordeste do país, as crianças brasileiras têm maior probabilidade de possuir a mancha mongólica ao nascer. O mesmo acontece em regiões com descendentes asiáticos no Brasil. De acordo com o censo de 2010, cerca de 2,08 milhões de brasileiros se declaram amarelos, sendo a maioria moradores dos estados de São Paulo e Paraná.
Por fim, na América Latina, cerca de 45% dos bebês nascidos no continente possuem a mancha mongólica, também tendo como principal fator a miscigenação derivada das colonizações. O surgimento da mancha mongólica acontece exatamente por conta deste nível de melanina que os descendentes de negros e asiáticos possuem.
Os melanócitos, células que possuem um concentrado nível de melanina (o pigmento responsável pela coloração da pele), se acumulam de forma irregular e formam esta mancha escurecida.
Devo me preocupar com a mancha mongólica?
A mancha mongólica é, na verdade, como uma marca de nascença e, por mais que preocupe algumas mães e pais, ela é totalmente benigna e não causa nenhum mal estar ou qualquer outra doença no bebê. Além disso, ela também não precisa de cuidados específicos na hora de cuidar da pele do bebê (além dos já recomendados).Assim, as preocupações podem ser dispensadas.
Porém, como com qualquer outro recém nascido, os pais devem levar o bebê nas consultas periódicas e informar sobre a existência desta pequena manchinha. O médico irá diagnosticá-la e analisar as probabilidades da mancha mongólica ser, na verdade, hiperpigmentação. Abaixo, explicaremos um pouco sobre este diagnóstico e como ele é feito.
A mancha mongólica tem tratamento? Ela some?
Quando identificada a mancha mongólica, algumas mamães e papais tendem a buscar um tratamento para fazer com que essa manchinha, muitas vezes indesejada, desapareça. Porém, não há tratamentos dermatológicos que não sejam o tempo. Assim, essa manchinha costuma desaparecer ao longo dos anos. Na maioria dos casos, ela costuma sumir ao longo do primeiro ano de vida da criança.
Em casos mais raros, ela pode durar até a adolescência (conhecida como mancha mongólica persistente), mas estará completamente desaparecida até a fase adulta. Porém, é importante lembrar que é apenas uma manchinha temporária na pele do bebê e que não deve afetar a visão dos pais sobre a aparência da criança. Não se preocupe, com o tempo ela irá sumir!
Apesar disso, a consulta com um pediatra é essencial, principalmente para identificar se é realmente da mancha mongólica que estamos falando ou se há a presença de algum outro problema.
Outras possíveis manchas em bebês
Apesar da mancha mongólica ser inofensiva e não ter relação com nenhuma outra doença, os bebês podem apresentar outros tipos de manchas e problemas de pele. Abaixo, separamos algumas das mais comuns:
Hiperplasia Adrenal
Facilmente confundida com a mancha mongólica, esta doença genética também conta com características como a hiperpigmentação. A principal causa deste problema é o mau funcionamento das glândulas adrenais, que ficam acima dos rins e tem como função produzir os hormônios cortisol e aldosterona. Este problema é identificado também pelo teste do pezinho, conhecido como triagem neonatal.
Manchas vasculares
Estas, diferentemente da mancha mongólica, têm tom avermelhado e podem aparecer na região da testa, pálpebras e nuca. Elas são comuns em 70% dos bebês (independente de fatores genéticos) e também desaparecem com o tempo - com exceção das que surgem na região da nuca, que podem durar a vida adulta. Também não há tratamento além do tempo.
Seborreia
Este problema pode aparecer na forma de manchas vermelhas tanto na região da sobrancelha quanto no couro cabeludo, além de criar uma camada espessa e amarelada na cabeça do bebê, muito semelhante à caspa.
A seborréia pode ser causada pela produção das glândulas sebáceas da pele do bebê quanto pela lavagem incorreta. Para corrigir este problema, basta a mãe lavar o cabelo do bebê com água e shampoo de ph neutro e após o banho, escovar o cabelo levemente até que as casquinhas saiam com um pente ou escova de cerdas macias.
Brotoeja
A brotoeja é uma doença de pele onde pequenas bolinhas vermelhas ou brancas surgem na pele, similares a uma alergia. Ela surge em períodos de calor e dias mais quentes, quando o bebê está em um ambiente fechado como em um carro ou quando ele está vestindo mais roupas do que o necessário.
Estas manchinhas podem aparecer em diversas regiões, como no pescoço, nas costas e principalmente nas dobrinhas dos braços e dos joelhos, regiões com maior concentração de suor e calor. Para evitar a brotoeja, é necessário apenas colocar a quantidade necessária e adequada para o clima e evitar andar com o carro muito abafado e fechado.
Acne neonatal
O surgimento da acne também é um problema que, acredite, pode atingir os recém nascidos. Conhecida como acne neonatal, ela pode ter causas como a predisposição genética, partindo dos hormônios maternos. Ela surge, comumente, nas primeiras 3 semanas do bebê, podendo aparecer até os primeiros seis meses de vida na forma de pequenas bolinhas, brancas e vermelhas. Estas costumam aparecer na pele do rosto, da testa e das costas do bebê.
A acne neonatal não tem e também não pede um tratamento específico, sendo tratada apenas a partir da lavagem das regiões com água e sabão de ph neutro. Porém, se a acne perdurar após os primeiros seis meses de vida do bebê, é recomendado que os pais levem a criança a um pediatra e/ou dermatologista para analisar se há a necessidade de um tratamento com produtos específicos.
Cuidados básicos com a pele dos recém-nascidos
Por fim, lembre-se sempre de manter alguns cuidados básicos com a camada da derme do bebê, o mantendo sempre hidratado e utilizando produtos neutros. Em casos de alergia, também evitar produtos com aromatizantes e corantes.
Abaixo, listamos alguns destes cuidados diários. São eles:
-
Utilizar produtos dermatologicamente testados e produzidos para os bebês, além de hipoalergênicos;
-
Utilizar cremes hidratantes sem perfume e com componentes que não causem irritações;
-
Utilizar óleos de banho e de massagem específicos para bebês;
-
Trocar a fralda do bebê regularmente;
-
Utilizar produtos sem álcool;
-
Utilizar protetor solar e repelente em crianças acima de 6 meses (abaixo disso, apenas evitar a exposição ao sol).
Leia também: Vérnix caseoso: o que é e para que serve?