O vérnix caseoso protege a pele do bebê, facilitando também sua passagem pelo canal vaginal na hora do parto.
O nome pode até causar certo espanto: vérnix caseoso. Porém, é fácil compreendê-lo, principalmente quando nos damos conta da sua importância. Trata-se de uma proteção natural do bebê, parecida com uma pasta, que representa uma forte defesa em seu início de vida. Esse componente é tão fundamental a ponto de tornar necessário o adiamento do primeiro banho do recém-nascido. Justamente por causa do vérnix caseoso, as mamães precisam esperar um certo tempo para lavar os seus pequenos, salvo exceções que você verá ao longo do texto.
Então, vamos em frente. O que é, e para que serve o vérnix caseoso? Confira!
O que é vérnix caseoso?
Vérnix caseoso é uma substância com tonalidade esbranquiçada e aspecto gorduroso, cuja textura se parece com a da cera ou de um queijo. Ele entra em ação por volta da 20ª semana de gestação, quando passa a envolver completamente o bebê.
Produzido pelas glândulas sebáceas do feto, o vérnix compõe-se de água, lipídios e proteínas. A título de informação, as glândulas sebáceas são elementos microscópicos na pele que secretam uma matéria oleosa (sebo) para lubrificar e impermeabilizar a pele dos mamíferos em geral.
Com o avanço da gravidez, a substância vai se desprendendo aos poucos da pele e sendo diluída no líquido amniótico. Este último corresponde ao conteúdo produzido pela bolsa amniótica, responsável por envolver o feto dentro do útero. O líquido amniótico contém diversos itens vitais que protegem o bebê contra infecções, entre eles: nutrientes, hormônios e citocinas.
Em suma, o vérnix caseoso é produzido realmente para quando o pequeno está pronto para vir ao mundo, desde que pressupostos os períodos convencionais. Por isso, bebês que nascem entre a 36ª e a 39ª semana têm mais chance de carregar consigo maior quantidade. Por quê?
Vamos lá: se o bebê for muito prematuro, significa que ele ainda não produziu um nível suficiente da substância; enquanto aqueles nascidos após 40 semanas costumam apresentar pouca ou nenhuma quantidade. Afinal, nesse estágio, o componente já se encontra bastante diluído.
E existem diferenças entre gêneros? Não necessariamente. Meninas até costumam deixar o ventre com mais vérnix, mas não há de fato uma fórmula" para tal. Na verdade, isso vai variar de bebê para bebê.
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Qual a sua função?
Diante de uma pele em fase imatura, o vérnix caseoso forma uma capa protetora sobre ela, de modo a fortalecê-la e protegê-la contra microorganismo como bactérias, além de outras infecções que podem passar pelo líquido amniótico.
Portanto, esse componente composto por gordura e mais de 20 tipos de proteínas é um essencial mecanismo de defesa, impedindo que o bebê desidrate. O vérnix também conta com uma ação cicatrizante, corrigindo eventuais danos ocorridos no parto; e não para por aí. Ele ainda diminui o risco de dermatites, bastante comuns nos pequenos.
O ambiente dentro do útero, por si só, é bastante úmido, e o vérnix tem justamente a função de regular essa hidratação excessiva. O que não é pouco. Imagine a dificuldade que é amadurecer a pele em um meio tão “molhado”. Pois é isso que ele faz. Já em relação à espessura de sua camada, ela pode variar de acordo com cada bebê.
A textura do vérnix caseoso também facilita a passagem do bebê pelo canal vaginal na hora do parto. Conclui-se também que chances de se realizar um parto normal, natural, ou qualquer outra modalidade menos agressiva (e que corresponda ao desejo da gestante), depende muito da quantidade de vérnix na pele do bebê.
Ao fim e ao cabo, trata-se de uma somatória de fatores, todos eles interligados.
Bebês não nascem “sujos”!
As características do vérnix caseoso dão a impressão de que o bebê vem ao mundo “sujo”. No entanto, a substância não está ali à toa! Já sabemos que ela cumpre uma missão essencial na proteção do bebê. Ainda assim, perdura em alguns casos o mito de que é preciso retirar o componente sem aguardar o prazo devido. Aliás, nos primeiros instantes depois do nascimento, recomenda-se apenas secar a criança, cuidadosamente, mantendo o vérnix intacto.
O vérnix caseoso pode ser considerado uma espécie de patinho feio do universo dos bebẽs, gestação e correlatos. Devido ao seu aspecto realmente desagradável, as pessoas no geral - inclusive alguns profissionais da área - demonstram certo preconceito com ele.
No entanto, saiba que, mesmo após o nascimento, o vérnix segue com um papel importante a desempenhar. Algumas funções básicas de proteção se mantêm, enquanto outras são adquiridas, adaptando-se à realidade do mundo extrauterino. Por exemplo: a ação contra os raios ultravioleta e a termorregulação, que ajudam o corpo do bebê a conservar-se em temperatura constante.
Portanto, não se deixe levar por ideias preconcebidas e confusas; coloque em primeiro lugar a saúde da sua criança. Para quaisquer dúvidas, procure orientações dos médicos que estão acompanhando o parto.
Quando retirar o vérnix caseoso?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que a mãe deve aguardar 24 horas para dar o primeiro banho no bebê. Já a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda, desde 2015, que se espere pelo menos seis horas para a ação, e que, ainda assim, deve-se manter o vérnix. Isso porque, em poucos dias, a substância se desgruda da pele, sendo por ela absorvida espontaneamente. Portanto, evite esfregar a pele do bebê durante o banho, tampouco retirar o componente.
Todavia, grande parte das maternidades brasileiras ainda mantém uma postura mais, digamos, apressada; já que, geralmente, os banhos costumam ser dados entre seis e dez horas após o parto.
Agora, como em relação a quase tudo na vida, existem exceções. Por exemplo, se a mãe for portadora de HIV, tiver histórico de infecções prévias e perinatais (transmitidas durante a gestação), ou se houver mecônio na placenta, o vérnix deverá, sim, ser retirado. Mecônio, por sua vez, é um material fecal de cor esverdeada bastante escura, produzida pelo feto. Ele normalmente é expelido nas primeiras 12 horas após o nascimento, embora também possa sair antes do parto.
Caso não seja liberado, há o risco de o bebê inalar esse líquido meconial, o que pode gerar crise respiratória por obstrução e inflamação das vias aéreas. Na outra ponta, um atraso na emissão de mecônio é capaz de obstruir vias digestivas, bem como causar paralisia intestinal ou malformação.
E se o vérnix demorar demais a sair?
Nessa situação, o recomendável é dar um prazo de 36 horas (3 dias) de vida. Se, durante o período, o bebê ainda tiver grande quantidade da substância presa ao corpo, aí sim vale retirá-la.
O motivo já foi explicado parcialmente nesta matéria. Já sabemos que o excesso de vérnix caseoso pode desencadear uma super hidratação, dada à alta presença de líquido dentro do útero. Mas a condição também vale para a vida extrauterina; apenas adaptadas às condições. Isso porque o excesso de umidade, seja onde for, promove um aumento de fungos. Portanto, se a presença do vérnix supera o limite, o bebê fica sujeito a contrair infecções como candidíase, micoses e sapinho.
Diante de tudo isso, a conclusão a se tirar é: faça cada coisa no seu devido tempo! Você viu que, salvo exceções, não há razão para apressar a retirada do vérnix caseoso do seu bebê.
Não restam dúvidas de que essa substância é essencial para o seu pequeno tanto dentro como fora do ventre materno. Portanto, apesar do aspecto relativamente estranho, leve esse componente a sério! A saúde do bebê é a prioridade.