A exterogestação garante a calma e conforto de seu bebê nos primeiros meses fora da barriga.
Muitas mamães, por mais que saibam bastante sobre a gravidez, acabam desconhecendo sobre o que se trata a exterogestação. Isso vale tanto para aquelas que podem nunca ter ouvido o termo ou quanto para aquelas que podem ter escutado, mas não sabem a definição exata e nem no que se baseia.
Pensando nisso, separamos algumas informações sobre o termo e também sua definição para tirar definitivamente todas as dúvidas possíveis que as famílias podem ter.
O que é a exterogestação?
Existe uma teoria de que os 9 meses não são tempo suficiente para os bebês - em questões fisiológicas - e isso ocorre por conta da evolução natural humana, que encurtou o tempo dos bebês na barriga de suas mães. Estas ideias, ganham suporte no fato dos bebês humanos serem seres totalmente dependentes das mães e, dentre os mamíferos, são os ‘filhotes’ mais frágeis. Mesmo após o parto, eles precisam de apoio enquanto se adaptam aos hábitos dos quais os adultos já estão acostumados há algum tempo.
Dentro deste cenário, a exterogestação surgiu como um conjunto de cuidados externos com o recém nascido para que esse tempo ‘perdido’ seja recuperado fora da barriga, que ajudam o bebê a se desenvolver. O termo deriva-se das palavras ‘extero’, que significa externo e ‘gestação’, formando uma espécie de gestação externa.
Cangurus são exemplos desta ‘técnica’ na natureza
Podemos usar de exemplo a gestação dos cangurus: normalmente, a gestação é curta naturalmente e os filhotes nascem com o equivalente a 7 semanas de um bebê humano.
Após o parto, esses filhotes vão para o marsúpio (também conhecido como a bolsa do canguru), onde passam 200 dias - entre 8 e 11 meses - sendo amamentados e desenvolvendo-se. Com a passagem do tempo, o canguru irá crescer a ponto de não caber mais ali. Ainda assim, eles continuarão sendo amamentados por mais 6 meses, até se desenvolverem completamente.
A exterogestação segue o mesmo ritmo: o bebê, após nascido, receberá alguns cuidados e se desenvolverá fora da barriga da mãe, mas como se ainda estivesse lá. Porém, não confunda com gravidez ectópica - quando o óvulo fertilizado está fora do útero e sim nas trompas, por exemplo -, pois a exterogestação ocorre com o bebê já nascido.
Como funciona a exterogestação?
Os recém-nascidos são seres humanos muito frágeis. Assim, eles dependem muito das mães e, para que suas necessidades sejam supridas, é necessário que as condições uterinas ainda continuem por um tempo após a gravidez. Isso porque no útero os bebês estão em condições de conforto necessárias para seu desenvolvimento e, ao sair, essa condição muda totalmente. Assim, os pais podem acalmar seu bebê fazendo a exterogestação.
Para retomar essas condições e reproduzir o ambiente uterino, as mamães podem realizar alguns processos, como:
Posição no colo
Primeiro, é sempre bom lembrar que não existe gravidade dentro do útero. Por isso, o bebê não sente os mesmos efeitos do peso que nós já sentimos aqui fora.
Assim, após o nascimento, algumas posições podem incomodar o bebê por conta da força da gravidade. E, ao contrário do que muitos pensam, colo não acostuma mal o bebê, mas sim ameniza os desconfortos naturais do primeiro trimestre de vida.
Para acolher seu bebê, ações como dançar com ele no colo, balançá-lo e até mesmo utilizar slings ou cangurus enquanto realizam outras tarefas ao mesmo tempo.
Os slings são tecidos compridos - de cerca de 2 metros de comprimento - usados em volta do corpo para realizar o transporte da criança. Além da mobilidade, eles permitem que o impacto do peso do bebê causado na coluna da mãe seja reduzido, além do peso nos braços de carregá-lo. Tapinhas leves e rítmicos no bumbum do bebê, balançá-lo em uma cadeira de balanço e até mesmo em redes também funcionam como conforto.
Sons externos
Imitar sons de chiado com a boca - aqueles que se assemelham com um ‘shhhhh’ - por certo tempo pode, por muitas vezes, acalmar o bebê. Além disso, há aplicativos que imitam o som desse chiado e até mesmo o som de ruído branco que podem auxiliar na tarefa.
Alguns bebês costumam gostar de canções de ninar e até mesmo de músicas comuns, de diversos ritmos. Outros também gostam de escutar sons mais altos e constantes, como os de motores de carros, de aspiradores e do chuveiro.
‘Embrulho’ do bebê
Embrulhar seu bebê como se ele fosse um pacotinho é uma das partes mais importantes da exterogestação, pois isso faz com que seu bebê se lembre do tempo que passou no conforto do útero. Isso acontece porque, na barriga, ele sempre está em contato com o toque da mãe e, por estar acolhido, o bebê se encontra mais calmo.
Certifique-se de que a manta está bem presa. Fiquem atentos: o bebê não pode dormir sozinho se houver algum pano solto. Além disso, desfazer a amarração periodicamente é essencial para que o bebê possa se esticar e ter as partes do corpo livres.
Lidando com cólicas, choros e pequenos desconfortos
Se seu bebê está chorando, é aconselhável que ele seja acolhido rapidamente nos primeiros meses de vida. Isso porque nesta etapa, o choro sempre tem algum motivo. Além disso, os bebês não conseguem fazer ‘manha’ nos três primeiros meses de vida. Assim, o choro representa uma necessidade: fome, afeto e até mesmo pequenos desconfortos, como pequenos arranhões ou cólicas.
Hora do banho
Além do banho comum, banhos sensoriais são muito benéficos para os recém nascidos, fazendo uso de chás e ervas terapêuticas, como a camomila. Bolsas térmicas quentes também são ótimas para o alívio de incômodos.
Prefira sempre bolsas de pano em que não haja risco do líquido vazar. Banhos de balde (ofurô) no bebê também são uma experiência que os relembra do ambiente de dentro do útero.
Hora de dormir
Os recém-nascidos precisam tirar diversas sonecas para descansar e manterem-se calmos. Bebês menores, por exemplo, precisam dormir de três em três horas. Assim, bebês agitados e que não conseguem dormir por algum motivo, tendem a ficar mais irritados, chorosos e muito nervosos.
Quanto tempo dura a exterogestação?
A duração da exterogestação pode variar de acordo com o que se considera seu final. É comum, então, ouvir sobre o ‘quarto trimestre’. O quarto trimestre é baseado no conceito dos três trimestres da gravidez e mais um fora da barriga - também conhecido como a exterogestação. Assim, seguindo essa lógica, a duração da gestação externa é de 3 a 4 meses após o nascimento, período em que o bebê está se adaptando a um novo habitat.
Esse período pode ser longo e até mesmo cansativo para as mamães pois o contraste da vida dentro do útero e fora é muito grande. Além disso, é um dos momentos mais importantes da vida do bebê pois é quando ocorre o desenvolvimento de sistemas como o respiratório, circulatório, endócrino, digestivo e neurológico.
Para alguns especialistas, esse período de 3 a 4 meses pode se estender por até 9 meses, pois assim contaria como uma gravidez dentro e uma gravidez fora, tempo ideal para o desenvolvimento.
Os benefícios da exterogestação
A exterogestação é, afinal, uma forma de conexão entre mãe e filho em que, por meio do afeto, o bebê consegue lidar melhor com o novo mundo exterior o qual acabou de conhecer.
Além de fortalecer os laços entre mamãe e bebê, ela também contribui para o desenvolvimento das funções cognitivas da criança de forma gradual. O processo proporciona calor, segurança e conforto para os bebês e, assim, eles tendem a crescer mais tranquilos. Além disso, a hora de dormir torna-se mais tranquila e não existe a famosa ‘hora da bruxa’, quando os bebês ficam mais irritados por estarem cansados demais.
Por fim, não esqueça que o bebê não irá se adaptar a uma rotina de uma hora para outra. Quem estabelece a rotina do bebê é o próprio bebê, dentro do seu próprio tempo e regras, de acordo com o que necessitar.
A exterogestação não é exatamente a recriação do útero fora do corpo, mas sim recriar os cuidados necessários que o útero proporciona ao bebê num período de transição de dentro da barriga para o mundo exterior.