Pré-natal odontológico

 

Apesar de não ter a mesma visibilidade, pré-natal odontológico é tão importante quanto o pré-natal comum.

 

Um dos momentos mais felizes da vida de uma mãe é quando ela descobre sua gravidez. Porém, como sempre destacamos, o período de gestação pode não ser somente flores e as mães precisam tomar certos cuidados e realizar certos procedimentos para seu bem-estar e, claro, o bem-estar do bebê.

Neste contexto, o acompanhamento odontológico - também conhecido como pré-natal odontológico - é um destes procedimentos de rotina que são importantíssimos para garantir a boa saúde das mamães.

 

Pré-natal odontológico: o que é e como funciona

O pré-natal odontológico é importante para a saúde da mãe e do bebê

 

Muitas pessoas acabam esquecendo que o acompanhamento odontológico é um procedimento muito importante, esteja você grávida ou não. O pré-natal odontológico é, basicamente, um acompanhamento que a gestante faz com um dentista, funcionando também como uma medida preventiva para o aparecimento de outras doenças bucais.

O dentista irá analisar a boca da gestante e os possíveis problemas de saúde bucal já existente e tratá-los antes que se agravem e possam interferir indiretamente na gestação. Além disso, o dentista também pode utilizar esse acompanhamento como base para orientar a futura mãe sobre a amamentação e também sobre a saúde bucal do bebê.

 

Quando o acompanhamento deve ser feito?

O ideal é que este acompanhamento seja feito antes da gravidez, para que as futuras mamães possam cuidar da sua saúde bucal antes de engravidar. Porém, como não há sempre a possibilidade de se saber se está grávida ou quando irá engravidar, os profissionais médicos recomendam que a gestante marque a consulta odontopediátrica durante o segundo trimestre da gestação.

Você deve estar se perguntando: por que o pré-natal odontológico não pode ser feito durante o primeiro ou o terceiro trimestre? Bom, o período dos 3 primeiros meses de gravidez fazem parte da fase mais crítica da gestação, onde há a presença de muitas náuseas e enjoos, principalmente durante a consulta, causando desconforto na mãe.

Já no último trimestre, as barrigas das mamães podem estar muito grandes e também causar desconforto na cadeira do dentista. Por isso, o segundo trimestre é o período ideal.

Medição da barriga da gestante

 

Quanto ao intervalo de tempo, o ideal é que, pelo menos, duas consultas sejam feitas ao longo das 40 semanas da gestação. Nelas, a grávida e o profissional irão conversar sobre os eventuais desconfortos e sintomas.

 

Por que o pré-natal odontológico deve ser feito?

O acompanhamento odontológico durante a gravidez é tão importante quanto qualquer outro exame de rotina exigido neste período.  Isso porque o corpo da mulher, durante uma gravidez, sofre mais alterações hormonais do que o comum. Estas alterações podem deixar a boca da mãe suscetível ao surgimento de doenças, como cáries, infecções na gengiva, entre outras. As doenças, por si, podem afetar diretamente a saúde bucal do bebê no futuro. 

Por isso, há a importância do acompanhamento de um profissional da odontologia. Algumas mães até acreditam que os aparelhos que o médico usa podem fazer mal, mas isto não é verdade. 

 

Os benefícios

Além da importância de se fazer um pré-natal odontológico para o acompanhamento da saúde bucal, o procedimento pode trazer alguns benefícios. São eles:

 

Para as mamães

A melhora da saúde bucal é um dos principais pontos. A gestante está com a boca vulnerável a diversas doenças como periodontite, gengivite e tártaro, causadas pelo acúmulo de placa bacteriana - consequência do aumento da vascularização do sangue.

Como a mãe pode ficar sem um pré-natal odontológico

 

Assim, durante o acompanhamento, o dentista irá realizar limpezas e outros procedimentos necessários para remover essa placa bacteriana e evitar doenças. Além disso, as mamães tendem a ficar mais saudáveis quando realizam acompanhamentos médicos frequentes e, consequentemente, mais dispostas.

Quanto mais saúde e disposição para a mãe, mais saúde e disposição para o feto. Assim, a gestação será tranquila para ambos e a mãe também estará mais relaxada na hora do parto.

Por fim, as mães também costumam ficar mais seguras ao saber que estão sem problemas de saúde que podem afetar sua gestação e seu bebê.

 

Como isso também afeta os bebês

Por mais que não se imagine, cuidar da boca da mãe também traz benefícios ao bebê e um deles é evitar partos prematuros. As bactérias de doenças bucais - como a periodontite, por exemplo - podem cair na corrente sanguínea e chegar a causar um parto prematuro.  

Assim, quando as bactérias chegam ao útero, o corpo da mulher começa a produzir um hormônio chamado prostaglandina para matar essas bactérias. Porém, este mesmo hormônio ajuda na indução do parto.

 Bebê deitado após o parto

 

Por isso, é tão importante realizar o pré-natal odontológico. Além disso, outro benefício deste acompanhamento é auxiliar na melhora das condições de saúde do bebê. Isto acontece por meio da saúde da mãe. Quando a mãe é saudável, o feto costuma se desenvolver da maneira adequada e ganhar peso.

Em crianças prematuras, por exemplo, o período de internação torna-se mais difícil por conta da vulnerabilidade do corpo, sendo mais suscetível a doenças. 

 

A periodontite é um problema muito comum entre gestantes

Como dito acima, a periodontite é um dos problemas analisados durante o pré-natal odontológico e que pode afetar o bebê. Mas do que se trata, de fato, a periodontite? 

A periodontite é uma infecção nos ligamentos e ossos que servem de suporte para os dentes e é considerada a evolução da gengivite, outro problema bucal. Quando a gengivite - também conhecida como doença periodontal - não é tratada ou tem seu tratamento adiado, a periodontite aparece.

 

Sintomas 

É comum que, quando há a presença desta doença bucal, a pessoa sofra com sangramentos na hora da escovação, gengivas sensíveis, avermelhadas e inchadas, mau hálito e retração da gengiva. Em casos mais graves, a periodontite pode até causar o amolecimento dos dentes e, consequentemente, sua queda.

Ilustração de dentes

 

A periodontite na gravidez 

Como já dito acima, a periodontite é causada pelo acúmulo de placas bacterianas. Na gravidez, o nível desse acúmulo aumenta por conta das alterações hormonais do corpo feminino. Segundo estudos, cerca de 83% das mulheres grávidas sofrem de periodontite - e os hormônios como a progesterona e o estrógeno ajudam a agravar este problema. 

Gestante escovando dentes

 

A progesterona é o hormônio responsável por regular o ciclo menstrual da mulher, prepara o útero para receber o óvulo fertilizado e mantém suas paredes se desenvolvendo, evitando abortos, além de ser produzido pelos ovários. Já o estrógeno - ou estrogênio - é o hormônio responsável pelo desenvolvimento de características físicas e órgãos sexuais femininos. 

Assim, a periodontite pode ser tratada na gravidez com o pré-natal odontológico, onde o dentista irá realizar a raspagem e limpeza dos dentes. As consultas odontológicas também devem ser feitas periodicamente, de acordo com a recomendação do dentista.

 

As placas bacterianas

Ilustração de placas bacterianas

 

As principais causadoras da periodontite - as placas bacterianas - são, na verdade, uma espécie de película pegajosa e incolor, formada por bactérias e restos de alimentos em conjunto formando uma espécie de ‘barreira’ sobre os dentes. Elas também fazem o papel de causadoras das cáries e gengivite e, caso não sejam removidas diariamente e do jeito certo, as placas bacterianas podem endurecer e vir a formar o tártaro.

Assim, todos nós temos placa bacteriana, principalmente após comer. Por isso, os dentistas recomendam a escovação 30 minutos após comer, para realizar sua remoção. As bactérias aproveitam certos nutrientes presentes nos alimentos que ingerimos e os nutrientes da saliva e se desenvolvem em ambos. 

Quando esta placa bacteriana produz ácidos após as refeições, elas acabam atacando os dentes e vão, pouco a pouco, desgastando o esmalte do dente. Como consequência, o esmalte dos dentes vai se desfazendo e as cáries vão sendo formadas. Para a remoção, as cáries passam pelo processo de raspagem e, em casos graves, são realizados os canais na raiz do dente.

Já para a remoção das placas dentárias e do tártaro, o método utilizado é a raspagem nas regiões da coroa e raiz do dente, principalmente próximo à região das gengivas.

Gestante em pré-natal odoltológico

 

Mas afinal, a formação das placas dentárias pode ser evitada? A resposta é simples: sim. Alguns hábitos diários podem ajudar a evitar esta formação, como:

 

  • Escovar os dentes, no mínimo, três vezes por dia, principalmente após todas as refeições. Assim, a placa bacteriana é removida de toda a superfície dos dentes. Porém, é importante respeitar um intervalo de 30 minutos após a refeição para preservar a esmaltação dos dentes;

 

  • Ter o hábito de utilizar o fio dental todos os dias para remover a placa bacteriana da região da gengiva e entre os dentes, lugares em que a escova de dente não alcança;

 

  • Evitar ou limitar a ingestão excessiva de alimentos que contenham muito açúcar ou amido, principalmente os que grudam bastante nos dentes;

 

  • Visitar seu dentista de confiança regularmente para realizar limpezas e raspagens em pontos que você possa não ter alcançado ao escovar os dentes em casa, além de examinar os dentes para outros possíveis problemas.

 

Por fim, segundo a Caderneta da Gestante disponibilizada pelo Ministério da Saúde, todas as gestantes têm direito ao pré-natal odontológico e às assistências odontológicas gratuitamente por meio do SUS.