O parto é um dos momentos mais marcantes na vida da mulher, bem como de seu parceiro e familiares. Inclusive, é normal que a gestante apresente diversas dúvidas sobre dar à luz, principalmente se for a primeira vez. E o nervosismo também se apresenta como sentimento comum entre as mamães e os familiares que estão acompanhando o momento, fazendo o que venha à tona uma preocupação bem honesta: tornar esse momento não traumático, sem complicações.
Por isso, ressaltamos a importância de um planejamento mais detalhado, assegurando uma experiência inesquecível e bela durante todo o processo.
O que é plano de parto
Estratégia recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o plano de parto nada mais é que um documento no qual a gestante descreve as orientações a todos os profissionais que conduzirão seu procedimento. Ele pode ser feito em forma de carta, lista ou modelo de sua escolha. Para realizá-lo corretamente, é necessário pedir a ajuda de seu obstetra - ou outro médico especializado - que saberá orientá-la a inserir pedidos que não prejudicam nem a sua saúde, tampouco a do bebê.
No plano de parto, deve-se registrar as preferências da gestante em relação aos diferentes processos que incluem dar à luz, os cuidados para com ela mesma e com o recém-nascido. Além disso, vale reforçar que o plano é garantido pela legislação brasileira, e, devido à sua oficialidade, é preciso ser assinado pelo médico responsável e pela gestante.
Dica: redija o documento do zero. Esse cuidado pode evitar algumas surpresas devido às particularidades de cada momento, bem como dos desejos de cada mãe. Pegar modelos prontos não garante que os pais estejam mais seguros e informados durante todo o parto, que, por sua vez, será feito da forma esperada.
Lembrando que, para realizar o plano de parto, a gestante deve ter informações precisas e científicas sobre o procedimento. Assim, não serão registradas orientações não recomendadas por autoridades de saúde. Você pode obter todo esse conhecimento por meio de pesquisas, estudos, aulas de preparação e, sobretudo, conversando com o obstetra que está acompanhando toda a gestação (ou ao menos grande parte dela).
Além disso, saber quais são os procedimentos e questões técnicas evita que imprevistos ocorram em situações de complexa solução, ou em questões como que tipo de parto será feito. A gestante deve ser protagonista durante todo o trabalho de parto; as atenções precisam estar voltadas para ela. Por isso, também é importante que ela deixe claros os seus desejos para esse momento.
Resumidamente, o plano de parto tem o objetivo de assegurar o respeito aos direitos em tese já garantidos à mulher. Visa-se, assim, diminuir casos de violência contra o corpo feminino, onde se encaixa os crimes de violência obstétrica, que apesar de frequentes e muito graves, são pouco discutidos pela sociedade.
Como desenvolver um plano de parto
Apesar da enorme importância do plano de parto, muitas pessoas sequer sabem da sua existência. Portanto, é comum surgir dúvidas na hora da confecção do documento. Algumas informações são valiosas; devem estar presentes e enfatizadas na carta. Confira alguns elementos a serem descritos.
Saiba mais sobre os tipos de parto e as doulas.
Sobre a linguagem utilizada no plano de parto, pense exatamente no que você deseja falar com a equipe médica. Destaque os pontos que considera mais importantes, e utilize expressões e verbos como:
- Se possível;
- Gostaria;
- Preferíamos;
- Seria mais adequado que;
- Seria melhor se;
- Entre outros.
Legislação que protege o plano de parto
Como explicado anteriormente, o plano de parto deve ser considerado um documento oficial, e desde 1986 é recomendado pela OMS a fim de melhorar e humanizar o atendimento recebido pela gestante e o recém-nascido antes, durante e depois do parto.
No Brasil, é importante que os médicos que acompanham a gestação comentem sobre o documento com a mãe, perguntando se ela sabe da sua existência e explicando sua importância. E assim, caso solicitado, ajudá-la na formulação da carta. De acordo com o Ministério da Saúde, o obstetra ou médico responsável pelo acompanhamento da gestante deve ajudá-la avaliando, revisando pontos da carta e fazendo sugestões.
Vale lembrar que em situações nas quais episódios complexos e imprevisíveis se apresentam, cabe à equipe médica decidir qual o próximo passo, priorizando a vida da mãe e do bebê.
Em casos de mudança, é fundamental que as novas decisões sejam reportadas ao obstetra, assim como a mãe e as pessoas que a acompanham. Segundo a lei, caso o plano não seja seguido, deve-se apresentar uma justificativa para tal escolha.
Atenção à realidade
Infelizmente, a prática se desvirtua da teoria. Além do fato de poucas gestantes sequer conhecerem o plano de parto, existem diversas questões a serem evoluídas quando o assunto é o direito da mulher na gravidez. E isso acontece principalmente no caso de mães que desejam o parto normal e não conseguem realizá-lo.
O Brasil é o país com o segundo maior índice de cesárea no mundo, com mais da metade dos partos sendo feitos dessa forma. Lembrando que os números aumentam consideravelmente em hospitais particulares. São inúmeros os casos em que as mulheres explanam seu desejo de realizar o parto normal, e mesmo sem complicação alguma, são encaminhadas para o procedimento cesárea. O que de alguma forma se torna uma forma de violência quanto o próprio direito da mulher de escolher seu parto.
Por isso, não deixe de conversar com seu médico, e insista em receber mais informações, solicite ajuda na realização do plano de parto, e lute para - caso não sejam apresentadas complicações - seu desejo seja acatado durante a gestação e no momento de dar à luz.