Os picos de crescimento são comuns em bebês até os dois anos de idade, período no qual eles irão crescer mais rápido do que em qualquer outra fase da vida. Destacamos também os saltos de desenvolvimento, que abrange demais características da criança.
Pode parecer contraditório, mas não haverá momento em que seu filho irá crescer mais rapidamente do que nos dois primeiros anos de vida. Isso porque, nessa fase, o bebê não estica de modo contínuo - o que acontece entre os 2 anos até o fim da adolescência - , mas, sim, sua altura se eleva por picos de crescimento.
São vários os fatores que determinam a altura - e a massa - da criança. Também é importante destacar o fato de o crescimento ser um processo complexo, para muito além do tamanho. Ele envolve composição genética, hormônios e questões nutricionais, embora, no geral, a criança cresça de modo previsível.
E como garantir que o bebê está crescendo e atingindo os picos conforme o previsto? Bem, para isso, é necessário que, a cada consulta médica, o pediatra verifique a altura e a massa do pequeno. Esse acompanhamento é fundamental para certificar se tudo está correndo bem, ou mesmo para diagnosticar (ou antever) algum problema.
Nesta matéria, você saberá mais sobre os picos de crescimento, além de compreender os elementos que compõem os chamados saltos de desenvolvimento. Mas, antes, vamos explicar melhor a parte essencialmente física do tema.
Boa leitura!
Crescimento físico de bebês e crianças
O crescimento físico se refere a um aumento do tamanho do corpo (comprimento ou altura e peso) e do tamanho dos órgãos. À medida que o crescimento se desacelera (após dois anos de idade), as crianças precisam de menos calorias, o que reduz o apetite delas. Essa alteração pode confundir um pouco os pais; pois, realmente, algumas crianças parecem comer muito pouco, ou quase nada, mas seguem crescendo e desenvolvendo-se. Isso porque, em geral, elas comem pouco em um dia, e compensam no outro ao ingerir quantidades bem maiores.
Durante os primeiros anos, a altura e a massa aumentam constantemente. As crianças tendem a crescer numa proporção similar todos os anos até a próxima aceleração do crescimento, no início da adolescência.
Órgãos e sistemas
Cada órgão cresce à sua maneira. O sistema reprodutor, por exemplo, evolui de modo acelerado logo após o nascimento, mas muda muito pouco até a transição para a puberdade. Já o cérebro tem seu aumento quase restrito aos primeiros anos, enquanto os rins funcionam em ritmo adulto ao final do primeiro ano.
Destacando agora o restante do corpo: as crianças que estão começando a andar possuem a barriga projetada à frente e as costas curvadas. As pernas, por sua vez, ganham aspecto arqueado.
Entre o nascimento e os dois de idade, o médico pediatra responsável deve registrar todos os parâmetros de crescimento em um gráfico baseado nas tabelas de crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dos dois anos em diante, a referência passa a ser as tabelas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC - sigla em inglês).
Por fim, vale ressaltar que, até os três anos, o tônus muscular aumenta e a proporção de gordura corporal diminui. Nesse momento, há outra evolução importante: a maioria das crianças tornam-se fisicamente capazes de controlar intestino e bexiga.
O que são picos de crescimento?
Curiosamente, estamos falando de uma concepção bastante recente. Afinal, até o término da década de 1980, a ciência ainda acreditava que as crianças cresciam sempre em ritmo constante. Essa teoria só foi descartada a partir do momento em que pesquisadores começaram a medir o crescimento da criança de modo semanal ou diário, e não mais uma vez por ano.
A grande novidade desse novo método foi constatar que, durante um pico de crescimento, a criança cresce em média 1 centímetro por dia enquanto dorme. Ao longo dos dois primeiros anos, ela apresenta alguns picos, e, no restante do tempo, simplesmente não cresce.
A maioria dos picos de crescimento acontecem no primeiro ano de vida, como ilustrado no gráfico abaixo. Importante destacar que nem todos os bebês seguem o mesmo padrão. Portanto, os picos de crescimento podem ocorrer um pouco antes ou depois do previsto. Mas fiquem tranquilos, mamãe e papai! Se a criança estiver ganhando peso e altura dentro do normal, não é preciso se ater tanto às datas.
Como saber se o bebê está crescendo normalmente?
O crescimento do bebê precisa ser monitorado desde a gravidez, por meio das ultrassonografias obstétricas. Após o nascimento, altura e massa devem ser registrados pelo pediatra e colocados na curva de crescimento. A partir daí, será verificado se o padrão está compatível com o de crianças de mesma idade e sexo.
No primeiro ano, os bebês crescem em torno de 24 cm e ganham cerca de 6 kg, enquanto, no segundo, ganham por volta de 12 cm e 2,5 kg. Entre o quarto e o sexto mês de vida, a massa deve dobrar em relação ao que tinha quando nasceu, triplicando até o primeiro ano. Já aos dois, a tendência é que o número seja quatro vezes maior do que no nascimento.
Como o corpo do bebê cresce?
Quando o bebê atravessa um pico de crescimento, há aumento na massa, no comprimento e na circunferência da cabeça. A base para o quanto ele cresce nos dois primeiros anos está na genética e, em parte, no tamanho registrado no nascimento.
Para você compreender melhor, imaginemos as situações abaixo, que ilustram bem a relação entre tamanho e genética:
1 - Um bebê nasce baixo, mas herda genes de uma pessoa alta.
2 - Um bebê nasce alto, mas herda genes de uma pessoa baixa.
O primeiro crescerá mais rapidamente nos dois anos iniciais do que o segundo.
De quais maneiras identificar um pico de crescimento?
Agora, vamos listar alguns sinais claros que os bebês costumam mostrar diante dos picos de crescimento. Eles também aparecem em diversas outras situações, por razões distintas. Por isso, é importante analisar a fundo essas manifestações.
Mais fome
Em picos de crescimento, a criança tende a querer se alimentar com maior frequência, sentindo fome, geralmente, a cada duas horas. Bebês mais velhos também vão querer se alimentar mais, tanto mamando quanto ingerindo comida sólida e papinhas, inclusive a partir do momento em que os pais tiverem definido sua rotina de alimentação.
Acordar mais durante a noite
Nesses períodos, o aumento do apetite pode fazer com que o bebê desperte a cada duas horas para mamar. Já em relação às sonecas, elas também podem ser mais curtas do que o habitual.
Maior irritabilidade
Uma criança em pico de crescimento torna-se mais exigente quando está sendo amamentada. Indo com maior convicção ao peito, ela também demanda mais leite para saciar sua fome. Soma-se isso às eventuais noites mal dormidas e sonecas interrompidas, e o resultado será um bebê irritado.
Como auxiliar o bebê durante os picos de crescimento?
Agora que você já sabe identificar sintomas dos picos de crescimento do bebê, chegou a hora de aprender a auxiliar os pequenos perante as dificuldades. Caso o comportamento dele esteja bastante fora do normal, preste atenção na relação entre a massa e suas roupinhas. Se elas estiverem um pouco mais apertadas - com o bebê tendo de usar entre cinco e seis fraldas por dia - é sinal de que tudo está dentro dos conformes. São manifestações comuns dos picos de crescimento, e que deverão passar ao fim do período. Obviamente, se elas persistirem, recomenda-se procurar um pediatra.
É fundamental prestar atenção às necessidades da criança, compreendendo a importância dessas fases para seu desenvolvimento. Carinho e paciência são preceitos valiosos para tais períodos; crie um ambiente tranquilo e acolhedor ao seu filho.
A importância do autocuidado
É muito difícil (quando não impossível) fazer bem aos outros se não estamos bem conosco mesmos, não é? Pois então, para cuidar dos filhos, é preciso cuidar de si. Ao mesmo tempo em que significa uma experiência única e apaixonante, a maternidade pode ser complexa e árdua. Consequência disso é o estresse que domina diversas mamães, e por tabela atinge quem está à sua volta, incluindo a própria criança.
Nos picos de crescimento, isso requer ainda mais atenção, dado o potencial caráter cíclico a ser atingido. Nesses momentos, o bebê - que já não dorme tão bem - está faminto, e mama com mais intensidade, elevando o nível de cansaço da mãe. Para acompanhar esse ritmo, a lactante deve encontrar meios para manter a produção de leite, o que não é fácil. Afinal, é como se, literalmente, o bebê sugasse suas energias. Portanto, é essencial beber bastante água e descansar; e sempre que achar necessário, não hesite em pedir ajuda.
Obviamente, isso não depende de uma ação individual. Mãe, pai, ou qualquer outro ente responsável pelo bebê, devem auxiliar-se mutuamente, buscando criar também uma rede de apoio com outros familiares e, se possível, amigos.
Por fim, garanta sempre a presença de um pediatra de sua confiança.
Saltos de desenvolvimento
Se os picos de crescimento dizem respeito a altura e massa, os saltos de desenvolvimento trazem outros componentes evolutivos. Eles consistem em fases de rápido aprimoramento neurológico, pelas quais o bebê aprende, por exemplo, a sorrir, rolar, sentar, segurar objetos, reconhecer pessoas etc. Mas o processo para adquirir novas habilidades envolve várias tentativas e repetições potencialmente frustrantes ao bebê, que pode demonstrar estresse e ansiedade além da conta. Além disso, a excitação após um novo aprendizado é tão grande, que a criança busca praticá-lo o tempo todo, inclusive durante o sono.
Portanto, é importante antever tais situações, nas quais fatalmente o bebê ficará mais agitado, com maior apetite e alterações no padrão do sono. Diante disso, ele irá procurar formas de se acalmar, como o colo materno, dada a maior carência afetiva do momento.
A exemplo dos picos de crescimento, vale destacar que nem todas as crianças enfrentam esses períodos do mesmo modo. Algumas mostram saltos mais notáveis em relação a outras, e a duração de cada fase pode variar de acordo com as individualidades. Também há diferenças na idade em que o bebê adquire novas habilidades, determinadas por fatores como herança genética, ambiente, nutrição e estímulos recebidos.
No entanto, é possível traçar um padrão com limites dentro dos quais se espera que a criança avance. Confira no gráfico abaixo a periodicidade dos saltos de desenvolvimento previstos para as primeiras fases da vida.
Como acalmar a criança durante os saltos de desenvolvimento?
- Faça o máximo para manter as rotinas, principalmente os horários de sono e alimentação;
- Acalme-a com banhos relaxantes, leitura, ninas e contato pele a pele.