Refluxo oculto

Saiba o que é o refluxo oculto e entenda as diferenças entre ele e outros tipos de refluxo.

 

O refluxo gastroesofágico é comum em bebês nos primeiros anos de vida e, na maioria das vezes, não provoca sintomas graves. Existem vários tipos de refluxo; mas, em relação ao refluxo oculto, é importante ter maior atenção aos sintomas para tratá-los corretamente. Isso porque, por ser uma condição de difícil diagnóstico, o bebê tende a ficar ainda mais incomodado.

 

Refluxo

Antes de abordarmos os sintomas do refluxo oculto, é importante entendermos o que consiste a doença do refluxo. Ela se caracteriza pelo retorno do conteúdo do estômago para o esôfago e outras áreas, como a boca. É um evento comum nos primeiros meses de vida, que na maioria das vezes não causa sintomas graves e está ligada à regurgitação, também conhecida como golfada. 

A regurgitação acontece duas ou mais vezes por dia em quase metade dos bebês até os dois meses, e em 1% daqueles com cerca de um ano. A melhora espontânea está relacionada ao crescimento e desenvolvimento da criança.

Voltando ao refluxo: ele torna-se doença quando a frequência, a duração e a quantidade do material refluído são elevadas e associam-se a alguns sintomas. Entre eles estão recusa alimentar, sangramento digestivo, dificuldade respiratória, episódios de bradicardia (ou seja, redução do ritmo cardíaco), anemia, irritabilidade excessiva, ganho de peso insatisfatório e choro constante.

A maior parte dos casos corresponde ao refluxo fisiológico, resultante da imaturidade dos mecanismos de barreira antirrefluxo. O refluxo fisiológico é uma condição normal na maioria dos recém-nascidos, e significa que o bebê “devolve” parte do que ingeriu (leite). A válvula presente entre o estômago e o esôfago não está completamente formada, e, portanto, não fecha totalmente, permitindo a passagem do líquido. 

Embora haja a possibilidade de provocar condições ameaçadoras à vida, como as crises de apneia, o refluxo fisiológico tem evolução satisfatória, sem comprometer o crescimento e desenvolvimento da criança. Por outro lado, o refluxo patológico apresenta repercussões clínicas como déficit do crescimento, dor abdominal, irritabilidade, hemorragias digestivas, broncoespasmo, pneumonias de repetição ou complicações otorrinolaringológicas.

 

Doença do Refluxo Esofágico (DRGE): sintomas 

Geralmente, a DRGE é facilmente tratável, mas muitas pessoas não sabem se seu bebê sofre dela, pois os sintomas dessa doença são associados a outros problemas.

Principais sintomas da DRGE

 

Refluxo oculto

O refluxo oculto ocorre quando o líquido ingerido e o suco gástrico voltam mas não chegam a sair, ou seja, não são “devolvidos” pela boca. Pelo fato de a criança não “cuspir” o leite, fica ainda mais difícil para os pais identificarem o problema. 

Além disso, o processo costuma ser mais dolorido para a criança, pois o suco gástrico que volta com o leite acaba queimando, tanto na subida como na descida. Consequentemente, o bebê tende a ficar mais irritado.

 

Bebês têm refluxo após a introdução alimentar?

Normalmente, a introdução alimentar ocorre a partir dos 6 meses de vida. A partir daí, ele passa a ingerir alimentos sólidos combinados ainda com o leite materno. De acordo com orientações nutricionais, ter um exemplo de cardápio às crianças pode ser uma boa opção para balancear o tempo das refeições e os conteúdos ingeridos. 

Além disso, é importante considerar os passos para o bebê comer alimentos até então desconhecidos. Nessa fase de descobrimento de novos sabores e gostos, é natural que ocorra uma leve regurgitação.

No Blog do Pediatra, o Dr. Sylvio Renan explica que, durante a introdução alimentar, a melhor opção para evitar refluxos é oferecer alimentos mais densos em nutrientes ao bebê. Por fim, a posição da criança enquanto come vai influenciar no surgimento ou não de refluxo.  Caso ela já esteja preparada para a introdução, o ideal é colocá-la na vertical para evitar o refluxo.

 

Diferença entre regurgitação e refluxo

Considerada uma ação natural e involuntária, a regurgitação consiste no ato de colocar para fora o que acabou de engolir, de forma natural e sem incômodos. A “golfada” é muito frequente em recém-nascidos, podendo ocorrer mais de uma vez por dia, especialmente após mamarem. Além disso, é preciso entender que a volta do leite é algo comum nos bebês. Cerca de metade deles costumam regurgitar em média três vezes por dia, e, na maioria dos casos, isso não é considerado uma doença.

Embora seja um processo involuntário, a regurgitação é consequência do refluxo gastroesofágico fisiológico. Quando ingerimos um alimento, ele entra pela boca, passa pela faringe e esôfago, até chegar ao estômago. Porém, entre o esôfago e o estômago, existe um músculo - que atua como uma espécie de válvula - chamado “esfíncter”, cuja função é liberar (ou não) a entrada do alimento no estômago.

Assim, o refluxo gastroesofágico se manifesta quando o esfíncter – que no bebê ainda não está totalmente desenvolvido – abre fora de hora, fazendo com que o conteúdo presente no estômago volte ao esôfago e, ocasionalmente, saia pela boca.

Ao contrário do refluxo oculto, a regurgitação ou o vômito implicam na saída (visível) de conteúdos da boca

 

Regurgitação ou vômito?

Essa é uma dúvida pertinente a muitos pais de primeira viagem. Começando pela regurgitação: trata-se de um processo involuntário, que pode ser evitado por meio de cuidados durante a amamentação e na hora de posicionar o bebê no berço. No entanto, muitas mães ainda confundem a regurgitação com vômito, um sintoma que, até nos adultos, indica que há algo de errado acontecendo no organismo.

O vômito, por sua vez, consiste em uma eliminação desconfortável, involuntária e forçada de alimentos, geralmente causada por má digestão ou  distúrbio no estômago ou intestino. É totalmente normal que o bebê vomite algumas vezes durante as primeiras semanas de vida, pois seu sistema digestivo ainda está em desenvolvimento e não se acostumou com o leite materno. Mas, caso o vômito persista, recomenda-se levá-lo ao pediatra. A atenção também deve ser redobrada ao tratarmos de bebês intolerantes à lactose (quando não se produz a quantidade suficiente de lactase ou simplesmente não a produz).

Vale lembrar que pode demorar alguns dias para que a criança demonstre os sintomas, pois, no início, o leite materno é composto por colostro. Gases, diarreia e vômitos são alguns dos sintomas. Portanto, se os vômitos forem muito frequentes, levar ao pediatra é a melhor solução. Caso se trate de suspeita de intolerância à lactose, o médico irá orientar os pais. Se a alimentação do bebê é apenas via leite materno, a mãe deve cortar as opções com lactose e substituí-las. 

Também vale ressaltar, porém, que a regurgitação pode ser confundida com o refluxo fisiológico e com outros distúrbios intestinais dos bebês. Isso acontece porque essas condições, como a Disquesia do Lactente, provocam muita cólica, resultando naqueles choros inconsoláveis!

Refluxo oculto requer atenção redobrada

 

Conclusão

O refluxo oculto merece ainda mais atenção, pois não há a saída do líquido como o refluxo fisiológico. Por isso, fiquem alertas e levem a criança ao pediatra quando esses problemas aparecerem.

 

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