Embora a perda de líquido na gravidez seja comum a 8% das gestantes, ela pode indicar riscos à saúde do bebê.
Como descrever aquele famoso e tão aguardado momento em que a bolsa estoura? As respostas podem variar de mãe para mãe em alguns aspectos, mas um alto grau de emoção certamente prevalecerá em todas elas. Afinal, é sinal de que o bebê está chegando. E o grande responsável por alertar à mamãe sobre isso é o líquido amniótico, cuja função é proteger o feto.
Por isso, é preciso ficar atenta à eventual perda deste componente. No decorrer da matéria, toda vez que você ler “perda de líquido na gravidez”, quer dizer que estamos falando do líquido amniótico.
Boa leitura!
Líquido Amniótico
O líquido amniótico é produzido no início da gestação, ainda na fase embrionária, sendo basicamente composto pela água vinda do corpo da mãe. Após 12 dias desde a concepção, forma-se o saco amniótico - uma camada fina, porém resistente, que envolve o bebê e o líquido. Essa configuração se mantém ao longo da gravidez até se romper na hora do parto.
O líquido amniótico passa a exercer sua completa função a partir da vigésima semana de gestação, quando o feto começa a desenvolver seus rins. Nessa etapa, o feto engole e elimina o líquido através da urina.
Embora pareça estranho, esse processo é normal e até saudável, pois estimula o desenvolvimento dos sistemas digestivo, bem como os pulmões do bebê. Além disso, essa substância encontra-se em constante aprimoramento, ainda que em dado momento se torne composta essencialmente pela urina. Vale destacar, entretanto, a presença (em pequena porcentagem) de nutrientes, hormônios e anticorpos.
Tais aspectos ajudam a entender por que o líquido amniótico é tão importante para a proteção do feto. Embora seja um componente raso, ele serve como um amortecedor aquoso, resistente contra impactos. Controlar a temperatura dentro do útero e não permitir compressões no cordão umbilical também são funções essenciais do líquido amniótico. Por fim, ele ainda preserva o bebê durante o parto, pois amortece o impacto das contrações uterinas da mãe.
Quantidades normais de líquido amniótico por trimestre de gestação
Haja vista a importância do líquido amniótico na vida do feto, é fundamental entender a quantidade normal do componente por trimestre de gestação. Vale frisar que, durante a gravidez, essa quantidade aumenta a cada semana. Assim, no primeiro trimestre - ou seja, entre a 1ª e a 12ª semana - espera-se cerca de 50ml de líquido. Já no segundo trimestre (da 13ª até a 24ª semana), é normal ter aproximadamente 600 ml. Por fim, no terceiro trimestre - entre a 25ª semana e o nascimento do bebê - e quantidade comum varia de 1000 a 1500 ml.
Porém, embora o líquido seja produzido semanalmente até o fim da gestação, a tendência é que sua produção diminua à medida que o parto se aproxima.
Perda de líquido na gravidez
Também denominada “oligodrâmnio”, a perda de líquido na gravidez pode significar um risco à saúde do bebê. Tal condição é frequente em cerca de 5,5% das gestações, sendo mais comum em mulheres com hipertensão não tratada.
Mas há outras possíveis causas, como problemas na placenta ou no próprio feto, entre eles anomalias digestivas e urinárias. Além disso, o diagnóstico pode estar associado à desidratação da mulher, e até medicamentos anti-hipertensivos e antiinflamatórios podem influenciar na baixa produção do líquido amniótico.
Vale ressaltar que no caso de gestação de gêmeos não idênticos, também é possível que ocorra a perda. A chamada Síndrome da Transfusão Feto-fetal faz com que um dos bebês receba menos sangue do que o outro. Por isso, um deles se desenvolve menos, produz menos urina e, consequentemente, menos líquido amniótico.
A perda de líquido na gravidez antes do terceiro semestre pode afetar o desenvolvimento dos pulmões e demais órgãos, já que sua principal função é auxiliar a evolução do feto. Além disso, é possível que o bebê nasça com deformidades nas mãos e nos pés, bem como uma malformação dos pulmões.
Para tratar o problema, é preciso identificar, primeiramente, se a gestante tem alguma doença associada à perda de líquido. Com exceção desse caso, a grávida deve manter-se em repouso e beber ao menos dois litros de água por dia.
No entanto, em situações mais graves, os médicos costumam optar pela antecipação do parto - lembrando que a perda de líquido na gravidez pode ser percebida através da ultrassonografia. Durante o exame, o especialista verifica a quantidade do componente na bolsa e se há riscos para o bebê.
Como identificar a perda de líquido amniótico
Caso a bolsa se rompa, o principal sintoma é a perda de líquido pela vagina, exibindo cor transparente e cheiro similar ao da água sanitária.
Bolsa rota
Pouco conhecido e ainda menos debatido, “bolsa rota” é o termo que define o rompimento parcial do saco amniótico antes do início do trabalho de parto. Essa condição afeta entre 5% e 10% das gestantes, e suas causas são desconhecidas. No entanto, a bolsa rota pode estar associada a problemas como inflamação da bolsa por bactérias que chegam ao útero pelo canal vaginal.
O tratamento também depende das causas da Bolsa Rota. Porém, o repouso e o acompanhamento médico são ideais para todos os casos. Alguns casos apontam para a necessidade de cesárea, mas isso não se aplica a todos os casos.
Dentre as principais consequências, destacam-se o risco de outras infecções e o parto prematuro.
Excesso de líquido amniótico
Se pode haver líquido de menos (oligodrâmnio), pode haver líquido demais (polidrâmnio). Embora atinja apenas cerca de 1% das gestantes, trata-se de uma condição que requer atenção especial.
As causas do excesso de líquido amniótico nem sempre são conhecidas, mas podemos destacar a sífilis, a toxoplasmose, além de anomalias fetais. Esta última, geralmente, afeta o trato digestivo do bebê.
Tratamentos para excesso ou perda de líquido na gravidez dependem da identificação do agente causador. Assim, se o motivo é desconhecido, não existem cuidados específicos. Porém, em situações extremas, é necessária a punção do líquido em excesso. Portanto, é fundamental manter as consultas de pré-natal em dia, já que a doença pode ser diagnosticada através do ultrassom.
Hidroginástica como aliada
Cada gravidez exige cuidados específicos. No entanto, todas as mulheres sem contradições médicas devem se manter fisicamente ativas no período. Os benefícios das atividades de intensidade moderada são sempre bem-vindas, com destaque para a hidroginástica. Entre os principais benefícios dessa prática estão a redução de lesões musculares e controle do inchaço. Além disso, segundo pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a hidroginástica pode garantir a quantidade adequada de líquido amniótico.
O estudo selecionou 25 gestantes acompanhadas em sessões de hidroginástica de 50 minutos por três vezes na semana. Durante a análise, foi constatado que a imersão na água diminui o inchaço, e toda a água que normalmente estaria no subcutâneo da gestante passa para os vasos, otimizando o fluxo de líquido para o feto.
As cores do líquido amniótico
Sabemos da importância de entender os possíveis diagnósticos envolvendo o líquido amniótico. Todavia, é igualmente essencial que as mulheres saibam diferenciar as cores do componente e os sinais de cada uma delas. Por isso, assim que a bolsa estourar, atente-se à cor! Abaixo, explicamos os significados.
Transparente ou branco
Essas são as tonalidades naturais do líquido amniótico. Por isso, é comum haver pequenos pedaços brancos, formados por fios de cabelo, gordura e pele do feto.
Vermelho
Se o componente apresentar coloração avermelhada quando a bolsa estourar, pode ser indício de deslocamento da placenta. Nesse caso, trata-se de um quadro perigoso, capaz de comprometer a passagem de oxigênio e nutrientes ao bebê.
Verde escuro
Líquido amniótico espesso e verde aponta que o bebê evacuou dentro do útero. Isso significa que há risco de que ele aspire a substância e desenvolva pneumonite devido à obstrução da traqueia. Após o parto, é fundamental limpar a boca e as narinas da criança, além de mantê-la em acompanhamento médico especial.
Amarelo
Essa cor pode indicar a presença de pus e infecções no útero. Entretanto, na maioria das vezes, costuma ser apenas uma mistura do líquido amniótico com a urina que passou despercebida pela mãe.
Marrom escuro
No caso da tonalidade marrom escura, procure o médico o mais rápido possível, pois ela pode indicar grave hemorragia, ou até mesmo a morte do bebê.
Por fim, reforçamos a extrema importância de se realizar o acompanhamento médico e pré-natal durante toda a gestação. Além disso, pratique exercícios físicos moderados, pois, assim, você ajuda a controlar a quantidade do líquido corpóreo.