Bebê encaixado

Após ouvir dos médicos que o bebê está encaixado, a ansiedade dos pais aumenta ainda mais, pois isso quer dizer que sua chegada está próxima!

 

Os nove meses de gestação são repletos de emoções para mamãe e papai devido à expectativa pela chegada do novo membro da família. No entanto, quando a mãe se aproxima da trigésima semana de gestação e escuta que seu bebê está encaixado, aquela ansiedade se intensifica ainda mais, pois este é um indicativo de que, em breve, o bebê estará em seus braços.

 

Posições do bebê para o nascimento

Você já deve ter ouvido dizer que, para um parto vaginal acontecer, é preciso que o bebê esteja pronto para “encaixar”, ou seja, se virar de cabeça para baixo. Esse movimento de virada pode ser estimulado durante a gestação com alguns exercícios. Mas isso não significa que essa é a única posição possível para o nascimento.

O termo “bebê encaixado” refere-se à posição cefálica - a mais esperada pelas gestantes que desejam realizar o parto normal. Trata-se da posição ideal para quem quer dar à luz dessa forma, pois o bebê se encontra de cabeça para baixo. E, felizmente, a posição cefálica é a mais comum, correspondendo a 96% dos bebês.

Além da cefálica, existem outras posições do bebê que indicam que ele está pronto para nascer, entre elas a pélvica, também conhecida como “bebê sentado”, mas que traz algumas variações. A posição pélvica pode ser incompleta (quando o bebê está com uma perna para cima e outra para baixo, ou ainda com as duas para cima) ou completa, na qual o pequeno se encontra de pernas cruzadas - as famosas “perninhas de índio”. Ademais, os bebês de posição pélvica podem ainda estar à direita anterior ou posterior da mãe, bem como à esquerda. Em suma, correspondem a 3,5% dos casos. 

No entanto, embora não se trate da posição ideal, alguns médicos afirmam que o parto normal pode, sim, ocorrer sob tal condição. Mas as possibilidades devem ser avaliadas de acordo com cada situação, pois o procedimento tende a ser mais arriscado. 

Por fim, o bebê pode acabar se acomodando na posição Transversal, ou seja, com os ombros direcionados para o canal vaginal da mãe. Nesse caso, o bebê transverso fica atravessado no útero até o final da gestação. Dessa forma, a cesariana torna-se obrigatória, já que não há espaço suficiente para a criança passar pelo canal vaginal. 

Mas a posição transversal é algo raro; corresponde a apenas 0,5% dos casos.

 

Como saber se o bebê está encaixado?

Espera-se que, por volta da 37ª semana de gestação, o bebê comece a se movimentar mais até atingir a posição adequada para o parto vaginal, ou seja, encaixado. Importante ressaltar que o útero é composto de músculo - portanto, ele se contrai e vai empurrando o bebê para baixo. Por esse motivo, a criança pode ao mesmo tempo estar de ponta-cabeça mas ainda não encaixado. 

Assim, para saber se o bebê está encaixado, o  exame de toque é a melhor maneira de constatar a posição. Isso porque o ultrassom mostra apenas que a cabeça está muito baixa e difícil de ser medida. 

Além disso, existem alguns sintomas que indicam o bebê encaixado. Um deles é a melhora na respiração da mãe; outro, quando a mãe sente desconfortos e dificuldades de locomoção com frequência. Isso ocorre pois a bexiga fica ainda mais comprimida pela cabeça do bebê, diminuindo a capacidade de armazenamento da urina.

Por fim, a cabeça óssea do bebê dentro da bacia óssea da mãe pode causar desconforto, com sensação de pressão, choques e repuxadas na pelve. A barriga fica mais baixa e, como existe mais espaço para os pulmões se expandirem, ela respira melhor.

Embora os sintomas que acometem a mãe sejam bem característicos de quando o bebe está encaixado, ressaltamos que o exame médico pode confirmar se ele de fato se encontra assim: a palpação abdominal. Se, por meio desse procedimento, forem sentidos três ou quatro quintos da cabeça acima do osso púbico, quer dizer que o bebê ainda não está encaixado. Em contrapartida, caso se sinta apenas um quinto, temos o bebê encaixado.

 

E se o bebê não estiver encaixado?

Geralmente, os bebês adotam essa posição até a 36ª semana de gravidez, embora alguns demorem um pouco mais, ou, por vezes,  simplesmente não dão a tão esperada “cambalhota”. Mas por que, então, alguns bebês não viram? Muitas vezes, não se trata de uma simples divergência em relação ao que é conforto, mas algo que os impede de fazer o movimento mais natural. 

Em entrevista para a Revista Crescer, o ginecologista e obstetra Renato Augusto Moreira de Sá, presidente da Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica algumas das possíveis causas. Entre elas estão: más-formações fetais ou uterinas; cordão umbilical curto (que restringe o movimento); ou excesso de líquido amniótico, o que pode fazer com que o bebê se movimente muito dentro do útero sem se acomodar. 

 

Exercícios e técnicas para encaixar o bebê

Apesar das dificuldades, é possível dar uma “mãozinha” com alguns exercícios e técnicas para os bebês virarem antes do parto. Confira-os abaixo!

 

Spinning Babies

Um dos métodos que vêm ganhando força entre doulas e enfermeiras obstétricas é o Spinning Babies - em português, “bebês girando”. Essa técnica foi destaque no Simpósio Internacional de Assistência ao Parto (Siaparto), em setembro de 2018. Idealizado pela norte-americana Gail Tully, o Spinning Babies combina uma série de exercícios baseados em três pilares: equilíbrio, gravidade e movimento. De acordo com Tully, se os músculos do útero e do assoalho pélvico estiverem flexíveis - condição que, muitas vezes, pode ser alcançada com exercícios - o bebê vira espontaneamente. 

A maioria das atividades propostas por Tully para retomar o equilíbrio do organismo é simples e pode ser realizada em casa. Em uma delas, chamada de “inversão inclinada para a frente”, a mulher fica de joelhos em uma poltrona ou sofá, e se apoia com os antebraços no chão, deixando a cabeça relaxada. Essa posição deve ser mantida entre 30 segundos a um minuto e pode ser repetida até três vezes por dia. A intenção é fazer com que o bebê se movimente no útero, com os músculos pélvicos da mãe relaxados e alinhados, e assuma a melhor posição. 

Embora seja fundamental que o bebê fique encaixado para o parto normal, é importante que, antes de adotar qualquer medida para ajudar na rotação do feto na barriga, os pais levem em conta os possíveis benefícios e as eventuais complicações.

 

Moxabustão

A moxabustão é uma técnica de acupuntura térmica feita com uma combustão de ervas. Durante o procedimento, um bastão quente com plantas específicas é aproximado do dedinho do pé da gestante, ponto relacionado ao útero. Cientistas argumentam que o calor provocado pelo bastão chega até o útero, deixando o bebê mais ativo e propenso a virar.

Para testar a eficiência da prática, pesquisadores da Universidade de Modena, na Itália, fizeram um estudo com 226 grávidas com bebês pélvicos. Destas, 114 não adotaram nenhum método; e 112, sim. No primeiro grupo, a taxa de versão cefálica foi de 36,7%, contra 53,7% no segundo.

Mas ressaltamos que é essencial escolher um profissional de qualidade para realizar o procedimento. É o que diz a acupunturista pediátrica Márcia Lika Yamamura, chefe do Ambulatório de Acupuntura Infantil da Unifesp (SP).

 

E se nenhuma das duas der certo?

Agora, se a mãe já tentou os métodos acima e o bebê continua sentado ou transverso, não se desespere! Há ainda uma carta na manga para dar aquela força ao seu filho: a versão cefálica externa (VCE). Essa técnica é um pouco mais elaborada, pois possui grande respaldo científico e deve ser realizada por obstetras, em ambiente hospitalar. Na manobra, o profissional manipula a barriga da mãe, tocando no bebê através das camadas de pele em partes específicas, fazendo-o dar uma cambalhota. 

O procedimento é relativamente simples e costuma ser feito no hospital, após tentativas menos invasivas. No entanto, existe um pequeno risco de complicações como o início prematuro do trabalho de parto, compressão de cordão, descolamento de placenta, e até mesmo ruptura uterina. Por isso, os pais precisam estar conscientes e preparados para as eventuais consequências. 

A taxa de sucesso do procedimento, segundo pesquisa feita na Malásia com 142 mulheres, é de 51,4%. De acordo com a obstetra Andrea Campos, da Casa Moara (SP), a manobra é indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e leva poucos minutos. 

“A VCE pode ser realizada a partir da 36ª semana em gestantes que não tenham contraindicações para o parto normal, como placenta prévia, líquido amniótico muito abaixo do normal, entre outros fatores”, explica.

 

Por fim, vale fazer o possível, incluindo exercícios, alimentação saudável e bem-estar emocional, para que tudo corra da melhor forma, esteja o pequeno na posição pélvica, cefálica ou transversa. O mais importante é escolher o tipo de parto com o qual você se sinta mais confortável, com aprovação do profissional de saúde que atenda seu pré-natal. E aproveitar e apreciar o tão esperado encontro.